Num pedaço de papel
Um menino escreveu um bilhete
Para papai Noel.
Escreveu com amor
E com muita esperança.
O bilhete era mais ou menos assim:
Papai Noel querido,
Sei que você recebe muitos pedidos,
Assim mesmo vou lhe fazer mais um,
Mas este não é para mim.
O que eu quero é um emprego
Para o meu melhor amigo,
O meu pai,
Já há meses desempregado.
Às noites,
Não consegue dormir sossegado.
Não tem mais sonhos, somente pesadelos.
Papai Noel, não vou mais incomodá-lo.
Tchau. Beijos, Eduardo.
P.S. Não esqueça o meu presente.
Na manhã seguinte,
Envelopou seu bilhete,
Colou um selo
E o remeteu para o Pólo Norte,
Para a casa do Papai Noel.
Era véspera de Natal
E o pai de Eduardo
Continuava ainda desempregado.
Num ato impensado
Foi roubar um supermercado.
Não pegou dinheiro
Só comida para a ceia.
Já eram onze e meia
Quando uma bala certeira
Deixou Jesus da Paixão,
Pai de Eduardo,
Agonizando no chão,
Com o tiro que levou.
O menino debruçado ao lado do pai
Não derramou uma lágrima.
Não disse um ai.
E para ele que era uma criança
Cheia de esperança
Naquela noite tudo morreu.
Neste mesmo instante
Olhou para o céu
E desiludido pensou:
Papai Noel,
Para mim você nunca foi bom.
Pelo contrário,
Você para mim sempre foi cruel.
Papai Noel, para mim,
Você não mais existe.
3 comentários:
Olá Augusto, que poema belíssimo e real, assim como a vida, nem tudo acaba em flores. Abraços.
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