sábado, 30 de julho de 2011

POETA - Ivan Alves Jacinto UMA HOMENAGEM A MANOLO JAVIER TELLES


Poeta
Alguns dos meus próprios julgamentos sobre pessoas, parece, certas horas, não dependerem de mim. Tenho julgado (feito juízo) sobre os corruptos e incompetentes. Parece que não apenas eu sinto inveja dos vencedores.  Todos, de certo modo, têm invejas de alguns dos bem sucedidos.  É comum me irritar com certas belezas burras rindo ironicamente na mídia. Talvez pessoas como eu sejam invejosas por não suportarem gestos e palavras de imbecis, na mídia, fazendo o povo de tolos. Muitas são e também não tão muitas, as imagens que se teatralizam dançando na contraluz à minha frente e que me mantém estático numa admiração angustiante.
Sou eu tão invejoso e derrotista para aqueles que souberam vencer mesmo a qualquer custo? Fica na minha cabeça: - E o meu pódio? Quando chegará? Talvez não tenha me habilitado o suficiente.
Imagino Deus no céu, onde vive e nunca sai e eu olhando, do lado de fora, pensando e dizendo: Duvido que Ele fale com todo mundo do céu ou da terra por coisas e causas irrelevantes. Imagino, pelo seu humor quando falou, isto é, deve ter falado, já se dirigindo para o interior celeste, mesmo sem se importar comigo, ex-coroinha da igreja de Capela: -Esse pessoal do planeta Terra é difícil, mesmo.
Eu, que sou eu, acho que aqui já tem muito cabra-de-peia.  Deve Ele, Deus, dizer antes da porta ser fechada: - Eu nada tenho a ver com pódios, fraquezas e pensamentos humanos.
–É isso aí!  Deus sempre tem razão apesar da sua intocável espiritualidade e abstração. Por que a beleza tem sido fundamental?  Não é bom confundir raiva e desprezo com inveja. Tenho raiva de todos os políticos porque os imagino ricos por roubos e são eles também prejudiciais a nação. Sinto que seus rostos (caras) são apenas máscaras feias e insuportáveis. Talvez no futuro mude esses julgamentos justos ou injustos.
O riso do desonesto provoca adrenalina nociva em nós. Tornou-se rotina no país o ladrão quer autoridade ou não... A exemplo de advogados em defesa de canalhas, negarem acintosamente as veracidades e acusações que lhes são devidas e ainda ameaçarem o bom cidadão. O que poderemos fazer no futuro? Levá-los a nova bastilha? Talvez seja a decisão ideal. Olha, uma bastilha desde que não me atinja iria bem!
Jesus fez uma limpa num templo. Se Deus fizer uma limpa no nosso planeta Terra, até eu e alguns honestos poderemos pagar a conta geral. Deus é quem sabe melhor dos honestos, desonestos e até de mim.
Agora quero falar pouco ou quase nada sobre a Academia Catarinense de Letras e Artes (ACLA), Grupo de Poetas Livres de Florianópolis, além da “Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses (ACPCC)” as quais pertenço e pertencia Manoel Jover Telles (Manolo) já falecido.
Quem morre e quem está vivo, parece de nada saber das soluções para problemas do povo e das nações. Políticos corruptos estão deitando e rolando. Neguinho está enriquecendo do dia para o próprio dia. Por que os pobres honestos vivem sofrendo (fome, humilhações e etc...) em toda vida? Deve haver também uma senhora hierarquia no céu. No céu, há santos (meia-boca) que só serveriam para dar rancho, lavar bandejas e descascar batatas. Eu que diga sobre as semanas de rancho na Marinha.
Manolo parecia não acreditar em espiritismo e talvez em Deus. É comum a gente não afirmar, também, por medo de ir para o inferno. Comunistas normalmente não acreditam em Deus, exceto no poder constituído por eles próprios. São corporativos internacionalmente e até elegem prêmio Nobel, Best seller e governantes.
Conheci Manolo numa reunião dos Poetas Livres onde ele lia sua crônica com o papel a três centímetros dos olhos. –Eu falei: - Esse tá ceguinho, da gota serena!
Manolo, boa presença, culto, se vestia bem e logo se viu destacado entre os membros dos Poetas Livres. Valeu, para mim, ter sido amigo dele. Aos oitenta e três anos ainda demonstrou “frixilim” ao ser assediado por uma quenga bem peituda num dos bares noturnos do bairro Estreito. Dizia Ele que foi bom de dança (pé de valsa) e chegou a dançar, num castelo, com Matilde Urrutia, esposa do excelente poeta comunista Naftali Ricardo Reys, mais conhecido como Pablo Neruda.
Sabia sobre filosofia, economia e conhecimento de maneira geral. Foi poeta, escritor, cronista, contista, novelista, ensaísta, romancista, segundo ele próprio.
Falava com paixão sobre Marx, Nietzsche, Borges e tantos outros. Entretanto, no Brasil, lhe podaram do desejo de lecionar nas faculdades brasileiras. Foi uma pena. Já aos oitenta e quatro anos começou a reclamar sobre seu estado de saúde. Teve sua estima em alta quando voltou a enxergar bem, após uma cirurgia. Infelizmente foi por pouco tempo e isso se deu após um mergulho nas ondas da praia de Canasvieiras. Sua memória acusou surtos de apagões a ponto de ter dificuldade de orientação e até auto identificação.
 Seus movimentos físicos eram ágeis transparecendo saúde de adulto de cinqüenta anos ou menos. Também sua voz estava longe de representar seus oitenta e seis anos. Seu porte alto e elegante estava mais para anglo-saxão, parecia Felipe pintado possivelmente por Veronense. Na festa de aniversário de minha neta, em Canasvieiras, o convidei para tomarmos uma cerveja ou refrigerante à beira da piscina. Pouco tempo antes, vinha ele pela calçada ao meu encontro, já a uns duzentos metros, vinha engomando a calçada (andando quase devagar e nunca) procurando receber a bênção de ver a legenda da placa com o nome da rua; aliás, próximo à sua.
 Manolo... Manolo, é o Ivan (que sou Eu), podes vir e com cuidado. Deixa que eu vou até aí, amigão... Estou indo ao teu encontro, Manolo. Parecia que ele procurava uma boa luz vinda do céu. Foi aí que me dei conta das limitações que “meu amigo forte” e intelectual estava bem subordinado no tempo. Como outros, eu também digo que o Tempo é Deus. Parece que Vieira falou que o “tempo cura tudo... tudo digere e tudo acaba...”
Também acho que se o Tempo não é Deus no total, pelo menos é a grande componente. O tempo responde com acertos aquilo que não sabíamos e o que não temos como saber. Para mim concordo que Deus é bom e sua benignidade é realmente para sempre. É assim que me identifico com a bíblia. O Tempo é Deus? Pode ser!
Eu, militar, e Manolo comunista cassado “de carteirinha”, tivemos momentos de feliz amizade nos encontro literários e almoços com ênfase em poesias de Neruda e Fernando Pessoa. Ele se ressentia, ausente, de sala de aula com alunos carentes de conhecimentos. Nas reuniões entre poetas ele costumava tomar quase o tempo dos pares com suas crônicas, ensaios ou contos.
Manoel Jover Telles, paulista, foi casado por 40 anos com a primeira esposa (falecida de câncer).   Izabel, segunda esposa, viveu com ele durante 10 anos e ao se separarem continuaram como amigos e até moravam numa mesma casa; ele como inquilino. Manolo viveu na Rússia como militante exilado onde fez três faculdades, duas de filosofia e uma de história, as quais não foram reconhecidas para que Ele lecionasse no Brasil. Foi também, talvez, injustamente julgado pelos seus pares comunistas... de traidor,conforme se pode acessar na internet.
Num documentário sobre asilados cassados, pela televisão, um deles cita Manoel Jover Telles como traidor. Outros também chegaram a comentar que na hora da tortura ou ameaças relevantes, não apenas Manolo... Mas outros também denunciaram os amigos. – É... A vida é apenas uma!  “Tudo cura o Tempo; tudo digere e tudo acaba”... Até boas promoções. Quem sabe se o Tempo não é o próprio Deus! Padre Antonio Vieira, se não me engano, escreveu este poema.
 Manolo viveu dos 11 aos 24 anos nas Minas de Arroio dos Ratos –RS, onde, anos depois, na sua volta, já como idoso fez um retrospecto agradável no tempo, mexendo com os corações dos habitantes retratando a vida da cidade e dentro da mina com seu Poema Evocação de 1992. Em 1993 fez a palestra “Arroio da Esperança” na Câmara de Vereadores de Arroio dos Ratos. Recebeu anistia e foi também deputado constituinte no Rio Grande do Sul. Foi sargento do Exercito brasileiro e esteve preso junto com seu pai e um irmão. Sua filha ainda vive em Arroio dos Ratos.
Escreveu a “Semana das Vozes do Povo” onde o povo Arroio Ratense comemora a festa com desfile bem ao modo ímpar dos gaúchos para festas solenes e patriotas. No seu pronunciamento Manolo cita o adágio: “A voz do povo é a voz de Deus”. Aqui questiono a sua descrença em Deus.
Cabe, talvez, aqui citar o importante livro do cônego Ervino Lothar (referido por Manolo) sobre a descoberta do carvão e toda mineração; sendo o início da mineração por James Johnson (pioneiro) em 1866 e a descoberta do carvão em 1795 ou 1807.
    Manolo pediu que fosse enterrado com o balandrau da Academia Catarinense de Letras e Artes a qual era membro e tesoureiro, e assim foi feito. Era interessante para eu ouvir Manolo falar sobre Fidel, Che Guevara, Marx, Neruda, Nietzsche, Mao-Tsé-Tung, Luis Carlos Prestes e tantos outros. Para mim todos não passavam de safados, exceto Neruda como poeta das metáforas inteligentes.  Ser subversivo como Che... É viver em camisetas e broches, mas para isso tem governos ambiciosos investindo nos canalhas que serão canalhas futuros no poder. Tenho visto assim. São ladrões que combatem os corruptos no poder e vão ser corruptos piores e até incompetentes.     
 Autoridades dos três poderes têm funções específicas de deveres e obrigações com o povo e a Nação. É ridículo ouvir um canalha destes, na mídia, dizer, querendo justificar sua incompetência e desonestidade, que são representantes do comportamento do povo.
Manolo falava do Criacionismo, Evolucionismo e também citava Don Quixote como modelo na literatura. Eu ria pensando em mim, mais baixo, ele mais alto, e Cervantes como um excelente escritor.
Manolo: “Adentro-me no mar e as ondas que chegam rolando, acariciam meus pés, sobem minhas pernas e cobrem meu corpo. O vento murmura querendo contar-me segredos...
. Volto à areia, olho o horizonte, fecho os olhos, e meu pensamento ver comigo, claramente, barcos dançando nas ondas. Pescadores recolhendo “tarrafas e redes grávidas de peixes... Vi também piratas reais e inventados: Fenton, Cavendishe, Morgan e até Capitão Blood...”
Manolo ria quando eu, enfatizando, dizia  que fiquei na ativa fazendo continência e ouvindo blá. blá... blá das ordens do dia,  em locais de parada, sobre balbúrdias dos futuros asilados. Os subversivos querem tomar o poder constituído.  Foram eles exilados, anistiados e promovidos a postos que se estivessem na ativa jamais chegariam a tais cargos.
Com humor, Eu dizia: - Pois é, ”Como bom ou não bom marujo... fiquei a ver navios”! Talvez na próxima encarnação eu venha chutando o balde. Que se cuide os bancos, embaixadores e cumpridores da lei.  Vou querer receber altas aposentadorias sem ter quaisquer remorsos. Conclui que todo poder é para ser ambicionado e quando possível, tomado. Faltou-me Mobral (ler livros proibidos). Dancei !!!!
 A turma que ficou “pegando rolinha lá fora”, recebeu anistia e se deu bem (os que escaparam). É que eu, Ivan, era de receber ordem e cumpri-las durante os 31 anos de ativa. Nunca vi ninguém bater nem apanhar. Ouvia-se falar... Por alto.  Nunca desacreditei. Era perigoso comentar sobre ocorrências políticas. Pouquíssimos os militares que sabem de políticas. Quanta ordem absurda não cumpriu! _ Alguns canalhas diziam: “Cumpra, depois Pondere”! Isto me envelhecia. Por outro lado o que desfrutei de quengas nos portos brasileiros estrangeiros “num ta no gibi”!
Valeu, viva a Marinha e viva o Brasil !
É isso aí, Manolo, Esteja com Deus, e que você tenha uma segunda visão bem melhor... dada pelo chefe, Deus, de nós todos.


Um comentário:

Susana disse...

Bela homenagem ao nosso amigo e escritor Manolo, com quem tive o prazer de conviver nas reuniões da ACPCC. Grande abraço, Susana.