Certa vez, numa parada de ônibus, duas idosas comentavam
sobre o susto que passaram com um idoso estrangeiro, morador de Pindamonhangaba,
que foi ao cinema com o seu bicho de estimação.
O idoso entra na portaria do cinema, todo alegrinho. No
balcão, o bilheteiro assustado, olha o galo e vai logo ao assunto.
− O que é isso no seu ombro, Senhor? Questiona o
bilheteiro, já um tanto irritado. Por sua vez, o idoso orgulhoso, responde com
aquele sorrisão até as pontas dos brincos de suas orelhas.
− Meu filho, este e o meu galo de estimação, raça
"Galiformes". Comprei numa exposição no "Egito", num
torneio que me custou os olhos da cara, tchê. Não gostou?
− Meu senhor, realmente, é um belo galo, mas vamos parar de
gracinha. Não permitimos animais no cinema, e o Senhor já está careca de tanto
saber disso! Responde o bilheteiro, cortando a conversa, com o rosto roxo de
raiva, barrando o idoso.
Mas o idoso, aparentemente calmo, concorda e pede licença
para ir ao toalete. Sentado no vaso sanitário, ele abre a braguilha da calça e
enfia o bicho na bombacha. Depois retorna como se nada tivesse acontecido.
No meio do alvoroço, o esperto idoso, infiltra-se na fila e
compra o ingresso. Enfim, entra no cinema e senta-se ao lado de duas idosas
cheias de frescuras. Quando o filme começa, o gaudério
abre a braguilha para o galo respirar um pouco. O danado do bicho, quase
sufocado com o cheiro da cueca samba canção, bota o pescoço pra fora, todo
feliz! Nesse momento uma das idosas cochicha no pé da orelha da outra:
− Matilda! Dá só uma espiada, acho que o velho ao meu lado
é um tarado sem vergonha!
− Por quê? Indagou a
outra, já morrendo de curiosidade.
A colega responde num ímpeto, exteriorizando a sua
indignação.
− É que o safado desavergonhado botou o negócio dele pra
fora.
A colega, relembrando os tempos de outrora, sentindo aquele
calafrio de arrepiar os cabelos das pernas, foi logo falando:
− Ah, não se preocupe... Apenas procure lembra que na nossa
idade nós já vimos de tudo. Retrucou a colega, sacudindo as pernas pra lá e pra
cá, com aquele brilho nos olhos. A outra, tentando disfarçar o entusiasmo, fala
com a cabeça erguida, empinando o nariz, olhando o bicho de cima pra baixo.
− É mesmo... Eu sempre pensei a mesma coisa. Afinal, sou
filha de Deus, né? Mas, o danado do negócio tá comendo toda a minha pipoca... O
que faço?
− Aproveita, e esqueça as pipoca!