sexta-feira, 26 de outubro de 2012

IDENTIDADE DO AMOR - Regina Porto


o    I  Mandaram-me fazer um poema sobre o amor.
Sem nomes, sem formas, simplesmente poesia.
Mas, como posso eu escrever sobre o amor sem te citar?
Seria o mesmo que fazer versos sem rimas...
Delírios de poetas loucos.
Diz-me! Como se faz poemas para a poesia?
Não seria o mesmo que talhar para o escultor.
Desfiguraria o modelo!
Como posso eu dizer em poesia a poesia do teu tocar?
Como posso eu falar dos cheiros em poesia?
Rotular-me-iam de devassa, louca desvairada
Diz-me então por favor!
Como posso fazer poemas sobre o amor
sem falar naquele fio de cabelo prateado que,
Se agarrava no meu travesseiro noites a fio, negando-se a partir contigo?
Diz-me como posso fazer poemas de amor
sem que a minha pele fique arrepiada a lembrança da tua?
Como posso escrever sobre o amor,
      Onde estão as palavras que contem sobre o fogo do teu olhar!
Como dizer em poesia que, a lua muitas vezes se despia,
Nos emprestava o luar e deitava-se em nossa cama,
   E eu brincava em teu corpo, te pintando de prateado em uma obra de arte não assinada
Quem iria acreditar que o amor tem braços fortes e abraço suave?
Que tem cabeça, tronco, membros e é dotado de asas.
Como posso fazer poemas sobre o amor
  Sem falar no teu andar de homem do mar, ora pra lá... Ora pra cá...
Quem iria acreditar que houve noites em que as estrelas se esconderam,
      Para que o sol pudesse brilhar nas gotas de suor que vertiam do teu corpo? 
     Diz-me agora! 
     Como posso eu falar de amor sem te identificar

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