sexta-feira, 12 de outubro de 2012

IDOSO NO CINEMA - Claudete T. da Mata



Certa vez, numa parada de ônibus, duas idosas comentavam sobre o susto que passaram com um idoso estrangeiro, morador de Pindamonhangaba, que foi ao cinema com o seu bicho de estimação.
O idoso entra na portaria do cinema, todo alegrinho. No balcão, o bilheteiro assustado, olha o galo e vai logo ao assunto.
­ − O que é isso no seu ombro, Senhor? Questiona o bilheteiro, já um tanto irritado. Por sua vez, o idoso orgulhoso, responde com aquele sorrisão até as pontas dos brincos de suas orelhas.
− Meu filho, este e o meu galo de estimação, raça "Galiformes". Comprei numa exposição no "Egito", num torneio que me custou os olhos da cara, tchê. Não gostou?
− Meu senhor, realmente, é um belo galo, mas vamos parar de gracinha. Não permitimos animais no cinema, e o Senhor já está careca de tanto saber disso! Responde o bilheteiro, cortando a conversa, com o rosto roxo de raiva, barrando o idoso.
Mas o idoso, aparentemente calmo, concorda e pede licença para ir ao toalete. Sentado no vaso sanitário, ele abre a braguilha da calça e enfia o bicho na bombacha. Depois retorna como se nada tivesse acontecido.
No meio do alvoroço, o esperto idoso, infiltra-se na fila e compra o ingresso. Enfim, entra no cinema e senta-se ao lado de duas idosas cheias de frescuras. Quando o filme começa, o gaudério abre a braguilha para o galo respirar um pouco. O danado do bicho, quase sufocado com o cheiro da cueca samba canção, bota o pescoço pra fora, todo feliz! Nesse momento uma das idosas cochicha no pé da orelha da outra:
− Matilda! Dá só uma espiada, acho que o velho ao meu lado é um tarado sem vergonha!
−  Por quê? Indagou a outra, já morrendo de curiosidade.
A colega responde num ímpeto, exteriorizando a sua indignação.
− É que o safado desavergonhado botou o negócio dele pra fora.
A colega, relembrando os tempos de outrora, sentindo aquele calafrio de arrepiar os cabelos das pernas, foi logo falando:
− Ah, não se preocupe... Apenas procure lembra que na nossa idade nós já vimos de tudo. Retrucou a colega, sacudindo as pernas pra lá e pra cá, com aquele brilho nos olhos. A outra, tentando disfarçar o entusiasmo, fala com a cabeça erguida, empinando o nariz, olhando o bicho de cima pra baixo.
− É mesmo... Eu sempre pensei a mesma coisa. Afinal, sou filha de Deus, né? Mas, o danado do negócio tá comendo toda a minha pipoca... O que faço?
− Aproveita, e esqueça as pipoca!

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