sábado, 1 de agosto de 2009

Lembrando - Ivan de Paulo Jacintho

Lembrando

Eu faço versos como se fosse esculhambação. Mas hoje não é
dia dos namorados mas quis dizer que tenho um presentinho
para por nas tuas mãos. Já começou esses teus olhos de plena
desconfiança! Será que só eu não posso brincar? Adivinhas, amor!
Sua boba! É uma flor! Só por causa da idade é que
não se pode mais brincar com ou sem seriedade!

Esse teu corpo, mesmo não banhado me põe chancela de tarado.
Mesmo que isso me arranhe, estava lembrando da sambista, tua mãe.

Nas zonas do Recife, o fedor horrível de mijo, nas esquinas escuras,
nas noites, era mais dos cachorros dos homens. Areia...areia em que
pisei e não tive receio de gritar porque estava sozinho, e gritei por
prazer de teatro. Não, nunca gritei. Achava isso meio suspeito e
alguém que me visse certamente diria: - É perigoso... poderá ate
estar babando como cachorro doido.

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