quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Um monstro - Salomão Soares Camelo (Salomon)


  Ele estava ali, imóvel de frente comigo, um ser de tão insignificante existência, seu cabelo mal penteado, de cor um tanto loiro meio acinzentado mal hidratado, cuja não se via o mínimo traço de vaidade, o sujeito me irritava, me maltratava por dentro só com aquele olhar repugnante e insensível, um olhar que penetrava no fundo do meu consciente e me fazia tremer n´alma, senti por algum tempo o ódio, a revolta, o desprezo e insignificância que continham naqueles olhos, um sentimento que não consigo descrever com total precisão, mas um sentimento que suicida pelos aspectos como era cheio de revolta, ódio e horror.
   Os olhos de o maldito ser era de certa forma atraente, tinham características de quem não dormia há semanas, a forma com que eram localizados em sua face com inexatidão, como a forma de expressão como o olhar de um louco insano, encarava-me firmemente nos olhos, analisando também cada aspecto meu, sinceramente não gostava como ele prendia o olhar em mim, havia fogo, uma chama ardente do mais puro ódio, dentro daqueles olhos, não era fogo, eram os minúsculos nervos dos olhos, se multiplicando aos poucos, dando mais forma diabólica ao ser desfigurado na minha frente.
   Sua boca estava forçadamente fechada e era só mais um traço demonstrativo de que estava compartilhando do mesmo ódio que eu. Estava a forçar os dentes odiosamente, olhar para a boca do maldito era tão desagradável, devido sua disforme forma, que voltei a encarar-lhe de volta nos olhos. Ainda era o mesmo olhar de revolta e horror, voltei meus olhos para a largura dos ombros e do tronco, notei uma forma esquelética e fúnebre em sua anatomia, era alto, meio corcunda, não tinha se quer nem forma de humano em minha percepção, seu pescoço estava estirado para frente quase se encostando a mim, meu horror era grande ao contemplar aquela forma decadente, sem vida.
   Não me segurei mais, meu ódio explodira-se monstruosamente, esmurrei furiosamente com toda a força de meu punho direito, a odiosa maldita figura a minha frente, só lembro-me do barulho dos pedaços dos cacos do espelho caindo no chão, um pequeno corte superficial faz com que as gotículas ensanguentadas surgissem como lágrimas, caindo. Eu não podia aceitar que aquele ser era eu.

2 comentários: