Desde a antiguidade,
chega até nós o uso de canetas para registros de fatos triviais ou, mesmo,
históricos. Inicialmente eram usadas penas de gansos, ou outras aves, cuja
ponta era mergulhada em tinta para imprimir nos pergaminhos ou outro tipo de
base para a escrita. Com o tempo, a evolução foi transformando as hastes das
penas, até que surgiu uma inovação: a primitiva caneta. Penas foram
substituídas por cilindros de madeira, com um artefato apropriado para gravar
as letras, ao qual chamaram “pena”, numa referência ao antecessor da caneta.
Quem
usou esse artefato deve lembrar os problemas que a tal pena causava quando “se
abria” e borrava todo o trabalho – principalmente os deveres escolares. Pobres
de nós, crianças que estreávamos essa novidade, nos “exames de fim de curso”,
pois as provas eram feitas em sala de aula, com todos os borrões e aberturas de
penas... Uma pena...
Surge
então, em 1939, uma caneta-tinteiro! Solução para os problemas de derrames de
tinta nas carteiras escolares e na mesa de casa... É a magnífica, moderníssima
e perene Parker 51, que foi criada para comemorar os 51 anos de fundação da
fábrica Parker, dos EUA e nos acompanha até hoje. Ah... Foi o
supra-sumo da elegância e da limpeza. Era oferecida em estojos próprios para
presentear, com mérito, qualquer vitorioso. Acredito até que o orgulho de
ostentar um anel específico, quando o universitário colava grau ficou em
segundo plano, pois ganhar uma Parker 51 devidamente gravada com seu nome era a
glória. Isso acontece até hoje, se não me engano...
A
revista Times, de 1944, mostra em sua capa, o General Eisenhover com uma Parker
51, após assinar o fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1945, com a mesma caneta,
o General assina a rendição da Alemanha de Hitler.
Mas,
embora ainda faça o orgulho de muitos, seu lançamento foi, na época, uma
espécie de transição para uma revolucionária inovação. Falo da
esferográfica, ou mais precisamente, a BIC. Lançada na França, em 1950 terminou
com o suplício dos estudantes, que não tinham acesso à Parker e continuavam
usando a antiga “caneta de pena” e seus consequentes derramamentos. De
plástico, baratinha e acessível para todos os bolsos, o sistema de mini-esfera
na ponta da caneta mantinha a letra uniforme e muito mais fácil de desenhar.
Das invenções, nessa área, essas duas foram de enorme valia.
Os
estudantes do novo século, usufruindo todos os recursos eletrônicos que vêm
facilitar seu desempenho na escola, jamais terão uma leve ideia do quanto seus
avós padeceram no “seu tempo” escolar.
Num período muito curto, em
relação aos lentos avanços do início do Século XX, a Informática assumiu um
lugar de destaque em todos os níveis, porém a escrita manual e o papel terão,
por muito mais tempo, seu uso convencional.
Acredito
que o lápis e a caneta, em sua essencial portabilidade,
permanecerão por mais este Século XXI, nos bolsos, estojos e mochilas de
qualquer ser que exerça a Arte de Escrever...
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