segunda-feira, 30 de julho de 2012

A poesia rimada e metrificada (ensaio) - Roberto de Menezes


A poesia rimada e metrificada
(ensaio)

1. A métrica e a rima.

     Os poemas ditos clássicos, com rimas e métricas escorreitas, já estão um tanto fora de moda. Muitos poetas utilizam os versos ditos livres ou soltos, o que facilita bastante a sua expressão poética, liberta do esqueleto das sílabas métricas e das amarras da rima.
     Um soneto, por exemplo, que estudaremos depois, é composto por duas quadras e dois tercetos rigidamente metrificados. E isso, convenhamos, dificulta bastante a nossa mensagem poética. Mas é possível atingi-lo, com dedicação, estudo e muita leitura de poetas clássicos.
     Trataremos de sílabas métricas (chamadas poéticas por alguns autores), que não devem ser confundidas com as sílabas ortográficas que aprendemos no início de nossa escola, embora possuam também sílabas tônicas e átonas.

- Unissílabas:
Eu
sou
teu
sol.
A
B
A
B
     Vejam os senhores que o exemplo é meramente didático, Não sou sol para ninguém. A poesia unissílaba é inviável. Não há exemplos dela na poesia clássica ou qualquer outra corrente.
     No exemplo acima, eu e teu formam uma rima dita perfeita. Sou e sol formam uma rima chamada imperfeita, mas que pode ser usada sem problema, embora alguns poetas puristas e mais clássicos a evitem. Como exemplo didático, temos acima uma quadra unissílaba.

- Bissilabas:
Também pouco usada no poema clássico. Exemplo.
O vento
padece.
Sedento
fenece.
A
B
A
B
O / ven (to)
    
Observem que, ortograficamente, O vento tem três sílabas. Mas na poesia a última sílaba métrica, átona, é desconsiderada. Importa mais o som que a letra. E definir as sílabas métricas, dizem alguns entendidos, chega a ser uma questão de ouvido, como música e ritmos. Temos acima uma quadra bissílaba.
As letras A, B, C, D, etc, indicam a rima. Acima, vento e sedento tem as letras A, pois as palavras rimam ao fim da linha.
- Trissílabas:
Anda cheio     
de ardores
sem temores
no seu seio.
A
B
B
A
An/da/ cheio
(Quadra trissílaba em rimas ABBA).

- Quadrissílabas:
É suave o vento     
vindo da serra.
Refresca a terra
sem um lamento. 
 A
 B
 B
 A
É / sua /ve o /vento
(quadra quadrissílaba).
- Pentassílabas:
Aurora vem vindo,
no céu já surgindo.
Refeita, está rindo
da vil solidão.
 A
 A
 A
 B
 (quadra   pentassílaba)

- Hexassílabas:
O vento leva cantos
a navegar no ar.
Parece sibilar
os doces acalantos.
A B B A
O / ven/ to/ le/va/ can (tos)
a /na /ve /gar / no / ar


- Heptassílabas:
Muito utilizadas, porque possuem mais cadência. São a base do cordel.
Na minha terra querida
o vento sul é ligeiro.
O céu reflete altaneiro
dourado reino de fadas.
A
B
B
A
Na/ mi /nha / ter / ra’en / can / ta (da)

Quadra heptassílaba em rimas ABBA.

- Cordel:
Já que Gianelo sonhava
sem com ela se importar,
nos braços do guapo jovem
resolveu se esparramar.
Pensou: ─ Que rapaz de estofo,
mais gostoso que o balofo     
do meu marido a roncar.
A
B
C
B
D
D
B

Observem que o cordel, muito praticado no Nordeste, tem quase sempre algum motivo jocoso ou alegre. (Sétimas heptassílabas). Rimam os versos 2, 4 e 7. Rimam os versos 5 e 6  Os versos 1 e 3 podem rimar ou não.

- Octossílabas:
Se quiseres, me ama assim      
de maneira que me convença.
Nem sei mais se acredito em mim.  
Nem sei mais qual tua sentença.    
Se / qui / se / res / me a/ ma  /sim


Esta quadra octossílaba é bem pouco utilizada, até porque carece um pouco de ritmo, cadência e harmonia.

- Eneassílabas:
Não muito usadas. Formam, no entanto, poemas belíssimos.
E o trovão coruscante a cair
sobre a terra abalada, perdida,
temerosa da sorte e da vida,  
pois o céu ameaça ruir.
(E o / tro / vão / co /rus /can /te a / ca / ir)


 
   
- Decassílabas
Talvez as mais usadas no verso clássico, muito no poema épico:
As armas e os barões assinalados,     
que da ocidental praia lusitana,        
por mares nunca dantes navegados,      
passaram muito além da Trapobana. 
As /ar / mas / e os /ba / rões / as /si / na / la (dos)

(Luiz Vaz de Camões em “Os Lusíadas”).
(Trapobana – Ceilão).


- Eneassílabos:
Versos com onze sílabas métricas. Ficam belíssimos.
Cheguei perto dela, cheio de esperança.
Ela me fitou com promessas tentando.
Piscou, divertida e tirei-a pra dança.
Com a linda morena soltei-me valsando.
Vi lua sorrindo e as estrelas brilhando.
      A
      B
      A
      B
      B
(Quinta eneassílaba).

- Dodecassílabo (doze sílabas poéticas) - o verso alexandrino também tem 12 sílabas, mas a cesura (sílaba tônica) será feita na sexta e na décima-segunda sílabas.

Helmistíquio – uma metade de um verso alexandrino, com seis sílabas métricas.
Escansão ou escandir – decomposição do verso, decompor ou mesmo trabalhar o verso.
Acima de doze sílabas métricas, os versos raramente são elaborados, pois tendem a se tornar prosa. Alguns autores os chamam de versos bárbaros. Versos de 14 sílabas métricas eram chamados arcaicos. 

     Versos podem ser uma única linha, que tecnicamente chamamos estância, ou estança. Pode ser uma quadra, como também toda a obra de um poeta. Seu conceito é muito eclético.

Nestes versos vos dou minha vida.
Minha vida, mortais, é assim.
Ante os homens um riso mentido;
longe deles um pranto sem fim.
   A
   B
   C
   B
(Laurindo Rabelo)
(quadra eneassílaba).

     Finalizo com um verso pelo qual tenho especial predileção. A oitava quadrissílaba, que nada mais é que um verso de oito estâncias rimadas com a métrica em quatro sílabas poéticas.

Noite de festa,    
toca a orquestra
lindos minuetos,    
valsas, jograis.    
Longos vestidos
d’ouro tecidos,    
relembram cantos
e madrigais.     
(RRM)
A
A
B
C
D
D
E
C
Bárbara bela
do norte estrela,
que o meu destino
sabes guiar. 
De ti ausente,
triste somente,
as horas passo
a suspirar.
(Alvarenga Peixoto 1747-1793)                              


Gêneros de composição poética (alguns podem ser também usados em prosa).

Nestes gêneros há duas predominâncias:
- elementos de emoção e de afeto:
Lírico (verso)
Épico (verso)
Dramático (verso e prosa)
- elementos intelectivos.
Vamos nos ater ao que nos interessa, ou seja, o gênero poético onde predominam o Lírico, o Épico e o Dramático.

Gênero Lírico:
Subjetivo (morte, alegria, saudade, tristeza, êxtase religioso, amor, etc.)
Algumas formas líricas:
Soneto, trova, ode, ditirambo, elegia (panegírico), cantata, madrigal, idílio, égloga (ou écloga), redondilha maior e redondilha menor.

1, SONETO:

     Há controvérsias acerca de sua invenção. Historiadores dizem ter sido inventado na Alexandria. Autores mais renomados apontam o trovador italiano Giácomo Lentini. O apogeu do soneto aconteceu na Itália com Dante e Petrarca.
    O soneto foi para a França no século XVI, e os poetas brasileiros do século XIX se acostumaram a seguir este, o francês. Na França Joachim Du Bellay e Pierre de Ronsard; na Espanha Herrera e Lope de Vega; na Inglaterra Shakespeare; em Portugal Camões, Bocage e Sá de Miranda. Os poetas brasileiros que cultivaram o soneto foram muitos. Destaco Olavo Bilac (parnasiano) e o catarinense Cruz e Sousa (simbolista).
     Talvez seja o soneto o suprassumo da poesia, pela sua forma clássica e refinada. É composto de duas quadras e dois tercetos. Normalmente de versos eneassílabos até dodecassílabos ou alexandrinos. Abaixo, um soneto decassílabo, o mais frequente. Não há nada que impeça o poeta de fazer um soneto heptassílabo, por exemplo. Mas os clássicos talvez torçam o nariz. Machado de Assis foi um grande cultor do soneto alexandrino. Reconhece-se, no entanto, que ele foi inimitável como romancista da fase realista da literatura brasileira e não como poeta. Vejamos um soneto decassílabo:

Filosofando

Eu vivo, tu existes, nós dois somos.
Talvez sejamos mais do que julguemos.
Talvez sejamos menos do que fomos.
Na dúvida do ser nós nos perdemos.
A
B
A
B

O nada, o tudo, ideia, concretismo.
O tudo, o nada, além, filosofia.
Deixar de ser, não ser, por comodismo.
Não ser, querendo ser, triste ironia.
C
D
C
D

Quem sou,quem és?Não sei,não sabes. Minto.
Desejo conhecer meu universo.
Porque estou aqui. Se sou. Pressinto.

Talvez a luz da fé me imerso
no anseio da esperança que não sinto
E tire a solitude deste verso.
E
F
E

F
E
F


- Outras formas de versos:
Com relação ao número de estâncias, os versos podem ser:
- Duetos (dois versos)
- Haicais (tercetos japoneses) ou os tercetos do soneto.
Os haicais, em “O soneto e a trova”, de Abel Beatriz Pereira, nosso grande e saudoso poeta da Academia São José de Letras, terão três versos de dezessete sílabas métricas: Exemplo:
Chão humilde, então,
Risco-o à sombra de um voo.
“Sou céu”, disse o chão!
Este haicai, de Guilherme de Almeida, apresenta rima no primeiro e terceiro verso (então – chão). As traduções de haicais japoneses não costumam ter rima. Mas, resolvi inovar, com haicais (se não quiserem, que sejam tercetos) de sete sílabas métricas e rimas:

Como é bonita a tardinha
na minha Floripa amada.
A lua surge prateada.

Sol já cansou de brilhar
e foge, estrela tão bela,
por detrás do Cambirela.
A
B
B

A
B
B

Quadra (quarteto)
Quinta (quintilha)
Sexta (sextilha)
Sétima
Oitava
Nona
Décima
Além disso, afirmam alguns autores que já se antevê o épico.

2. A TROVA é uma quadra, normalmente heptassílaba, de sentido completo e independente. Podemos fazer trovas muito bonitas, brincando com palavras de mesma grafia e sentido diferente (polissêmicas).

Eu peno, bela morena,
as penas do teu chorar.
E minha pena, com pena,
chora, se estás a penar.
A
B
A
B


3. CANTATA:
Gênero recitativo. Alguns denominam ária. Serve para a música.

4. ODE:
Épica, entusiástica. Nasceu na Grécia e exalta uma nação, um herói, uma guerra, uma situação dantesca, uma história. Pode ser também uma exaltação a uma pessoa, como a Ode a um poeta morto (Olavo Bilac), de Raul de Leoni. A Ode pode ser heroica, sacra (salmo, miserere), sáfica (amorosa – da bacante Safo, que habitava a ilha de Lesbos) e filosófica.

5. DITIRAMBO: é uma variação da Ode. Seu objetivo maior é cantar os gozos do vinho e os prazeres da mesa. Tem sua divindade em Baco (ou Dionísio).

6. ELEGIA: Tem por tema um assunto triste, uma lamentação profunda, a lembrança de alguém que morreu. As academias a fazem em homenagem a um, membro falecido. Alguns autores denominam panegírico (discurso que louva alguém).

7. MADRIGAL: pequena composição de fundo amoroso que encerra um elogio galante. Muito usada pelos trovadores medievais, principalmente quando as mulheres dos guerreiros ficavam sozinhas nos castelos, já que estes tansos iam para a guerra. Está fora de moda, pois a praticidade do amor acabou com ela.

8. IDÍLIO: composição graciosa, do campo, entre pastores, que fala de amor.

9. ÉCLOGA (ou égloga): poesia cheia de paz e inocência, primitivamente dialogada, onde se exaltavam as delícias campestres.

10. Redondilha maior – nada mais são que versos em quadras heptassílabas (sete) com rimas ABBA. 

Assim, nós vamos correndo,
nessas subidas, descidas,
o carrossel desta vida
e as ilusões escondendo.

11. Redondilha menor – versos em quadras pentassílabas (cinco) com rimas ABBA.

Toda a natureza
só veste alegria,
gentil, sinfonia
de agreste beleza.


Gênero Épico:

Nele está muito presente o louvor, o mito. A Ilíada e a Odisseia de Homero são dois bons exemplos. Ainda a Eneida, do romano Virgílio, Orlando Furioso, de Ariosto e A divina comédia, de Dante Alighieri. Expressão de fatos históricos e feitos heroicos. A epopeia costuma ser um poema clássico, com métrica e rimas lapidadas. Em Portugal Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões. No Brasil Prosopopeia, de Bento Teixeira e O Uruguai, de Basílio da Gama. O poeta Artemio Zanon está preparando a sua epopeia, que aguardamos ansiosamente.

Gênero Dramático (em prosa e verso).
                 
         Destacamos a tragédia, a comédia, a tragicomédia, o drama, a farsa e o auto.

Tragédia: poema ou prosa com personagens heroicos, temas históricos ou lendários; desperta emoções fortes e termina geralmente de forma triste e dolorosa.

Comédia: peça teatral de estilo jocoso. Nela predominam a sátira e a graça. Podem ser feitas novelas ou comédias de costumes, que soem analisar ou somente constatar as normas de conduta social em determinados contexto e tempo.

Tragicomédia: Peça teatral em prosa ou verso, entremeada de passagens cômicas e acontecimentos infaustos. Alguns autores a chamam comédia trágica. Os gregos utilizaram muito a comédia, a tragédia e a tragicomédia nos seus tempos áureos, quando a Hélade dominava as letras e as artes.

Drama: peça teatral com narrações de acontecimentos  graves e emocionais. O drama assume tons os mais diversos em seus personagens também diversos. Os sentimentos revelam-se, da mesma forma, os mais díspares. O drama clássico harmonizou as noções de tempo, espaço e ação. O drama medieval antecedeu e motivou as peças da Renascença. Citamos Shakespeare na Inglaterra, Lope de Vega na Espanha, Gil Vicente em Portugal. Na era moderna, com novos tons de realismo, destacamos Ibsen. O drama chamado lírico introduz e mistura com a prosa e o verso criações musicais.

Farsa: peça teatral de caráter burlesco, engraçado. Podemos assim considerar, neste livro, o Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, que poetizamos (A barca do diabo).

Auto: Por muitos autores considerada uma peça de caráter religioso. Na Renascença podia ser um drama ou uma comédia, em prosa ou verso.

Pesquisa:
Curso de Literatura Brasileira – Ébion de Lima. (Editora Coleção F.T.D. Ltda).
Dicionário Prático Ilustrado - Livraria Chardron
Lello Ltda Editores. Porto - Portugal.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Minha noites - Leninha Padilha (Natal)


À noite,quando todos calam, ouço você
Quando todas as luzes apagam... Vejo você
Meu choro é mudo e meu amor é cego
A lágrima amarga desce salgada e devagar...
Já não tenho pressa... Sei que você não vem
Não ha mais espera quando todos dormem
Nem risos e conversas sem fim
As orações e leituras são solitárias
As horas passam e o sono não chega
Vou folheando as páginas desse amor
Tentando apagar, não a linda história, 
Mas a marca que foi feita em meu coração
Com todas as cores do arco-íris
Deixando o seu assim... Em branco.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

DA PENA DE GANSO À ESFEROGRÁFICA - Ivonita Di Concílio


    Desde a antiguidade, chega até nós o uso de canetas para registros de fatos triviais ou, mesmo, históricos. Inicialmente eram usadas penas de gansos, ou outras aves, cuja ponta era mergulhada em tinta para imprimir nos pergaminhos ou outro tipo de base para a escrita. Com o tempo, a evolução foi transformando as hastes das penas, até que surgiu uma inovação: a primitiva caneta. Penas foram substituídas por cilindros de madeira, com um artefato apropriado para gravar as letras, ao qual chamaram “pena”, numa referência ao antecessor da caneta.
      Quem usou esse artefato deve lembrar os problemas que a tal pena causava quando “se abria” e borrava todo o trabalho – principalmente os deveres escolares. Pobres de nós, crianças que estreávamos essa novidade, nos “exames de fim de curso”, pois as provas eram feitas em sala de aula, com todos os borrões e aberturas de penas... Uma pena...
      Surge então, em 1939, uma caneta-tinteiro! Solução para os problemas de derrames de tinta nas carteiras escolares e na mesa de casa... É a magnífica, moderníssima e perene Parker 51, que foi criada para comemorar os 51 anos de fundação da fábrica Parker, dos EUA e nos acompanha até hoje.  Ah... Foi o supra-sumo da elegância e da limpeza. Era oferecida em estojos próprios para presentear, com mérito, qualquer vitorioso. Acredito até que o orgulho de ostentar um anel específico, quando o universitário colava grau ficou em segundo plano, pois ganhar uma Parker 51 devidamente gravada com seu nome era a glória. Isso acontece até hoje, se não me engano...
      A revista Times, de 1944, mostra em sua capa, o General Eisenhover com uma Parker 51, após assinar o fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1945, com a mesma caneta, o General assina a rendição da Alemanha de Hitler.
      Mas, embora ainda faça o orgulho de muitos, seu lançamento foi, na época, uma espécie de transição para uma revolucionária inovação.  Falo da esferográfica, ou mais precisamente, a BIC. Lançada na França, em 1950 terminou com o suplício dos estudantes, que não tinham acesso à Parker e continuavam usando a antiga “caneta de pena” e seus consequentes derramamentos. De plástico, baratinha e acessível para todos os bolsos, o sistema de mini-esfera na ponta da caneta mantinha a letra uniforme e muito mais fácil de desenhar. Das invenções, nessa área,  essas duas foram de enorme valia.
      Os estudantes do novo século, usufruindo todos os recursos eletrônicos que vêm facilitar seu desempenho na escola, jamais terão uma leve ideia do quanto seus avós padeceram no “seu tempo” escolar.
       Num período muito curto, em relação aos lentos avanços do início do Século XX, a Informática assumiu um lugar de destaque em todos os níveis, porém a escrita manual e o papel terão, por muito mais tempo, seu uso convencional.
      Acredito que o lápis e a caneta, em sua essencial portabilidade, permanecerão por mais este Século XXI, nos bolsos, estojos e mochilas de qualquer ser que exerça a Arte de Escrever...



terça-feira, 24 de julho de 2012


A Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses (ACPCC) e o artista plástico Vinicius Basso promoverão dia 22 de setembro um encontro literário para comemorar a chegada da primavera. O evento acontecerá no Espaço Cultural  Vinicius Basso  situado Rua Jorge Cherem, número 33 - Jurerê. O evento começará às 16h e se estenderá até o último convidado. Quem desejar declamar será bem vindo. Haverá distribuição do último livro publicado pela ACPCC.

DA PENA DE GANSO À ESFEROGRÁFICA - Ivonita Di Concilio


      Desde a antiguidade, chega até nós o uso de canetas para registros de fatos triviais ou, mesmo, históricos. Inicialmente eram usadas penas de gansos, ou outras aves, cuja ponta era mergulhada em tinta para imprimir nos pergaminhos ou outro tipo de base para a escrita. Com o tempo, a evolução foi transformando as hastes das penas, até que surgiu uma inovação: a primitiva caneta. Penas foram substituídas por cilindros de madeira, com um artefato apropriado para gravar as letras, ao qual chamaram “pena”, numa referência ao antecessor da caneta.
      Quem usou esse artefato deve lembrar os problemas que a tal pena causava quando “se abria” e borrava todo o trabalho – principalmente os deveres escolares. Pobres de nós, crianças que estreávamos essa novidade, nos “exames de fim de curso”, pois as provas eram feitas em sala de aula, com todos os borrões e aberturas de penas... Uma pena...
      Surge então, em 1939, uma caneta-tinteiro! Solução para os problemas de derrames de tinta nas carteiras escolares e na mesa de casa... É a magnífica, moderníssima e perene Parker 51, que foi criada para comemorar os 51 anos de fundação da fábrica Parker, dos EUA e nos acompanha até hoje.      Ah... Foi o supra-sumo da elegância e da limpeza. Era oferecida em estojos próprios para presentear, com mérito, qualquer vitorioso. Acredito até que o orgulho de ostentar um anel específico, quando o universitário colava grau ficou em segundo plano, pois ganhar uma Parker 51 devidamente gravada com seu nome era a glória. Isso acontece até hoje, se não me engano...
      A revista Times, de 1944, mostra em sua capa, o General Eisenhover com uma Parker 51, após assinar o fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1945, com a mesma caneta, o General assina a rendição da Alemanha de Hitler.
      Mas, embora ainda faça o orgulho de muitos, seu lançamento foi, na época, uma espécie de transição para uma revolucionária inovação.  Falo da esferográfica, ou mais precisamente, a BIC. Lançada na França, em 1950 terminou com o suplício dos estudantes, que não tinham acesso à Parker e continuavam usando a antiga “caneta de pena” e seus consequentes derramamentos. De plástico, baratinha e acessível para todos os bolsos, o sistema de mini-esfera na ponta da caneta mantinha a letra uniforme e muito mais fácil de desenhar. Das invenções, nessa área,  essas duas foram de enorme valia.

ATA DA REUNIÃO DO MÊS DE JULHO DA ASSOCIAÇÃO DOS CRONISTAS, POETAS E CONTISTAS CATARINENSES (ACPCC)


Às quinze horas e trinta minutos do dia quatorze de  julho do ano de dois mil e doze reuniram-se na Biblioteca Barreiros Filho os seguintes associados: Augusto, Susana, Daniel, Nadir, Célia, Neide, Inês, Ari, Roberto, Deyse, Lílian, Ana, Ivan e Claudete. Augusto iniciou a reunião falando sobre o sarau poético a ser realizado pela associação no dia 22 de setembro, em Jurerê Internacional, a convite de Vinícius Basso e também a respeito da candidatura de Paulo Berri a vereador, pelas eleições municipais. Célia comentou sobre sua participação na FLIP, Feira Literária de Parati. Roberto disse que, ocupará uma das vagas disponíveis na Academia Desterrense de Letras. Edna estará lançando o livro Cora Coração, no dia 24 de julho, às 19h30min, na Livraria Catarinense do Beira Mar Shopping. Claudete convidou todos os associados a prestigiarem o lançamento da Oficina Literária Boca de Leão, na Biblioteca Pública de Santa Catarina, no dia 24 de julho, às 18h30min. Inês falou sobre o I Encontro de Literatura, Arte e Cultura de Itapoá, onde foi homenageada com o título honorífico de “causas imortais” pela Academia de Letras do Brasil. Ainda comentou sobre o aniversário da Academia de Letras do Brasil/SC, seccional Fpolis, que será no dia 10 de novembro. Susana Zilli de Mello, secretária, sem mais nada a tratar, lavro esta ata que deverá ser postada no blog da ACPCC. Florianópolis, 14 de julho de 2012.


             Susana Zilli de Mello                                    Augusto de Abreu
                     Secretária                                                     Presidente

sábado, 21 de julho de 2012

A CARA DO SABER - PAULO BERRI


Qual é a cara do saber?
Não Sei!
Não Sei. . .  justamente por não saber
Pelo menos saber que não Sei
É de, certa forma, um tipo de saber
Bom. . .  então eu Sei!
Sei que Sei muito pouco
Sei também que quero Saber mais
Então eu sei algo
E esse pouco que Sei, me liberta
Mesmo sendo pouco
Me liberta de uma escuridão
Lá de dentro. . .
Mas o pouco que Sei gera fagulhas
Que ilumina dentro e fora
De noite e na aurora
E como disse: quero saber mais
Nada me impedirá!
Senão eu mesmo
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Do pouco que acho que Sei
Posso concluir:

Que Saber é Bom
Mas Amar é mais que Saber!!!
  
# O poema de Clarice Lispector, declamado numa peça de teatro.

quinta-feira, 19 de julho de 2012