domingo, 6 de maio de 2012



 
A Borboleta Leonor    -   Julio Cesar Gentil

(uma estorinha poética sobre as relações entre os seres naturais)


Eis que se abre o casulo
e num momento de esplendor,
bate as asas a voar
a borboleta Leonor.

Ela sai do galpão escuro
pela greta da janela
e voa por cima do muro,
a borboleta amarela.

A borboleta amarela
que se chamava Leonor,
voava maravilhada
e pousava de flor em flor.

Ela batia suas asinhas,
estava feliz da vida...
E na floreira da varanda
pousou sobre a margarida.

Deu dois beijinhos na flor
e voou para outro lugar,
mas no meio do caminho
viu a flor do maracujá.

Ela ficou apaixonada
pela florzinha singela.
Deu-lhe um beijo e saiu a bater
as suas asas amarelas.

A borboleta Leonor
estava encantada com o mundo
e sentia uma alegria
despertada lá do fundo...

Do fundo do coração
da borboleta Leonor,
que voava satisfeita
de uma flor para outra flor.


Um doce e suave perfume
atraiu a borboleta,
que encontrou no alpendre
um vaso de violetas.

Quando uma borboleta
pousa sobre uma flor,
ali se estabelece
uma relação de amor.

A borboleta Leonor
continuou a voar...
E sentia os aromas
de outras flores pelo ar.

Quando a Leonor repousou
sobre as pétalas da onze-horas
um suave odor perfumou
os rumos da sua estória.

Ela voava deslumbrada,
a acrobática borboleta,
e esqueceu, a desnaturada,
que é filha da mãe-natureza.

A borboleta foi a larva
que do casulo nasceu
e agora batia asas
no mundo que Deus lhe deu.

Ela voa, voou, voava...
A voadora donzela,
e refestelava pelo ar
as suas asas amarelas.

Quando achou ter ganho o céu,
foi o fim do seu caminho:
a borboleta virou alimento
no bico do passarinho
que voou de papo cheio,
p’ro conforto do seu ninho.



P.S.: O poema, “A Borboleta Leonor”, não foi criado por mim. Ele foi criado pela própria borboleta que ao sair de dentro de um galpão escuro, numa manhã luminosa de primavera, contou-me toda a sua estória enquanto esvoaçava pelo ar as suas asas amarelas. Eu apenas escrevi o poema e dei um nome à borboleta.

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